Dia 40 – Pelo direito de ir e vir

Bem que já tinham me falado, mas precisei ver para crer. Fui sentir, de perto, como é andar de ônibus estando em uma cadeira de rodas. Posso dizer que fiquei horrorizada com tudo que encontrei pelo caminho. Primeiro: circular nas calçadas da nossa cidade é um transtorno! Os carros estacionam em locais impróprios, não há rampas para facilitar a nossa vida… Vou te contar. A cidade nos exclui, MESMO. É como se nos dissessem: “Fiquem trancafiados em casa. Vocês não têm nada para fazer na vida mesmo”.

Passado esses primeiros obstáculos, chegamos, Mia e eu, ao ponto de ônibus. Depois de quarenta minutos esperando um raio de um veículo adaptado, ainda tive que encarar um motorista impaciente, um trocador de má vontade e passageiros rabugentos. Vocês acreditam que um cidadão teve a coragem de dizer para eu pegar um taxi porque ele não podia se atrasar para o trabalho? Gente, que constrangimento! Ele não pode se atrasar e eu posso ser largada no meio da rua???

Fiquei bem triste com tudo, sabe? Algo absolutamente corriqueiro como andar de ônibus transforma-se em pesadelo. Falta estrutura, preparo, educação e gentileza! Uma única moça, passageira do ônibus, ficou do meu lado. O resto, nem quis saber… Precisamos acabar com isso. A cidade é um espaço coletivo, em que todos devem ter as mesmas condições de circulação. E as soluções são simples. Uma rampa adequada nas calçadas para a subida e descida de cadeiras, por exemplo, não me parece nada extraordinário! Muito menos educação e gentileza. Preconceito está totalmente fora de moda. Concordam comigo?

Se você passou por alguma aventura semelhante à minha, me envia sua história. Unidos, temos mais forças para colocar a boca no trombone e mudar essa lamentável realidade!
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3 comentários |deixe um comentario:

Anônimo disse...

Ola,Luciana,meu nome e Daniel moro em Fortaleza no Ceara,sou cadeirante desde os 11 anos,fiquei cadeirante quando meu pai bebeu e sofreu um acidente comigo,fiquei paraplegico,nao ando,mas tem 35 por cento dos movimentos.Ser cadeirante e muito dificil,sofri muito preconceito no inicio,aqui em Fortaleza nao tem muita estrutura para cadeirantes como eu,ha poucos onibus adaptados aqui em Fortaleza,na minha escola onde estudo teve que colocar um elevador para eu subir,desembolsamos quase 100 mil reais com adaptaçoes,sei como e passar por isso que vc esta passando.Rezo pela sua melhora

Beatriz Cruz disse...

Olá Luciana, eu sou de Portugal e fiquei impressionada com tudo que aprendi contigo. Tenho dezasseis anos, não sou cadeirante mas acredita que sou muito sensível em relação a pessoas que têm mais dificuldades de movimentação. Até porque tenho uma colega que é cadeirante e é surpreendente ver como faz tudo :) beijinhos, e a maior sorte.

Mel disse...

Oi Lu.. como vai??
Vim contar uma experiencia q vivi a pouco tempo.. Dia 01/04 eu estava indo pra Angra. Já estava quase uma hora sentada na rodoviária esperando o onibus chegar quando vi um homem cadeirante sozinho esperando o onibus adaptado chegar.. demorou uns trinta minutos e chegou o danado..rs.. além dessa demora toda (juro q foi a única vez q vi um onibus adaptado na minha cidade(Valença-RJ)) tinha um outro onibus encostado ao lado, o que impedia a rampa de descer completamente e do senhor poder entrar no onibus...acho q o motorista ja devia estar acostumado com o passageiro pois ele só falou VAMOS LAH RAPAZ e ele deu o jeitinho dele. (este homem não é paraplégico, só não tem as pernas do joelho pra baixo) ele desceu da cadeira e foi se arrastando, subindo os degraus do onibus enquanto o motorista pegou no colo a cadeira e colocou-a dentro do onibus.. a solução deu certo mas se fosse minha prima Ana Paula(portadora de paralisia infantil)não daria em nada..queria ver se o motorista ia pegar ela no colo como fez com a cadeira...