Dia 11 – Com que roupa que eu vou?

Fui fazer umas comprinhas no shopping com minha mãe e com a Mia. Quase desisti, gente! Fiquei muito chateada quando não consegui entrar com minha cadeira no provador de uma loja. Prefiro nem citar o nome do estabelecimento, mas quero deixar registrado que isso é ABSURDO!!! Ninguém merece passar por essa situação! Como uma loja pode, simplesmente, excluir um consumidor? Eles pensam que cadeirante não compra roupa? Que andamos pelados por aí, é isso? Ah, fiquei muito triste e revoltada também. É muito ruim passar por esse constrangimento, gente. Minha mãe deu um passa fora na vendedora e fomos embora, com toda elegância, claro.
Para minha alegria, na loja seguinte, tudo era normal! E nada melhor do que comprar umas roupitchas novas pra aliviar a tensão e animar o dia, né?
Gente, não é que descobri que nem tudo que ficava bem em mim antes cai bem agora? Claro, agora eu vivo sentada, né? Fica tudo muito diferente, é impressionante. Minha mãe disse que preciso aprender a valorizar o que tenho de bonito estando nesta posição. Então, estou redescobrindo meu estilo. Minhas calças, por exemplo, parecem que encolheram. Todas estão curtas! É que quando estamos sentados, a calça sobe e a barra não fica no lugar certo. Adoro usar saias e vestidos, especialmente com o calor que faz aqui no Rio de Janeiro. O comprimento também muda na cadeira de rodas, pois a tendência da saia é subir, principalmente se for um modelo mais justo. Além disso, preciso saber escolher tecidos que se acomodem bem sobre as minhas pernas, pois se ficar esticado demais e a saia for mais curta, vai aparecer a minha calcinha.
É, gente… a estética sentada é diferente da estética de pé! Se o conforto já era um quesito importante antes, agora é muito mais! Passo muito tempo na mesma posição, sentada na cadeira, e se a roupa tiver uma costura muito grossa ou uma prega mal posicionada, pode me machucar. Estou atenta a isso, Deus me livre de ter uma escara por causa de uma roupa ou um sapato assassino! Para quem não sabe, escaras são feridas que podem aparecer por causa de uma pressão constante que impede a circulação em algum ponto do corpo. Pessoas que passam muito tempo deitadas na mesma posição podem ter, especialmente quando perdem parte da sensibilidade como aconteceu comigo.  Ainda bem que eu tenho todas estas orientações com a Larissa, o Dr. Alexandre, o Dr. Moretti e todos os anjos que vem cuidando de mim.
Mas, apesar disso tudo, dá para compor um visual interessante. Dá para brincar com cores, texturas, acessórios e sobreposições que, aos poucos, estão me ajudando a definir meu novo estilo “fashion-cadeirante”!
Ai, escrevi demais hoje! Quer dizer, a Mia escreveu demais! Vou ficando por aqui, gente. Se você tiver alguma dica de roupa que valorize uma cadeirante, me envia!!!
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