Quero inaugurar meu diário virtual com uma poesia que me veio à cabeça quando consegui ficar sentada na beirada da cama pela primeira vez, ainda no hospital. Foi um momento muito significativo para mim, uma emoção que jamais esquecerei. Fala sobre esperança, aquela que deve sempre andar ao nosso lado, seja lá como for.
VIVER
Carlos Drummond de Andrade
Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada?
E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?
Isso, ou menos que isso,
uma noção de porta,
o projeto de abri-la
sem haver outro lado?
O projeto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa?
Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança?
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